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“Índios permanecem invisibilizados pela grande mídia”, diz Bessa Freire

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O Acampamento Terra Livre (ATL), evento realizado anualmente por lideranças indígenas em Brasília no mês de abril por ocasião do dia do Índio para alertar às demandas da população nativa, começa nesta quarta-feira (24). No entanto, pouca gente sabe disso.

 

Os principais veículos de comunicação de massa do país deram pouca relevância à reunião dos povos originários na capital federal, conforme observou o antropólogo e professor de Pós-Graduação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) José Ribamar Bessa Freire.

 

“Abro os jornais e não tem uma linha, uma notinha sobre o acampamento. Nesse momento, centenas de índios estão na Esplanada dos Ministérios, está tudo coalhado de tendas, os índios fizeram seus rituais, canto, dança. As delegações de todos os estados vão discutir a questão de terra, de território, de políticas públicas de saúde, educação, de gestão e proteção das terras indígenas”, ressaltou.

 

“Estamos no Ano Internacional das Línguas Indígenas estabelecido pela ONU e não vejo uma notinha no jornal. Os índios são uma das matrizes culturais importantes na formação do ser brasileiro e permanecem em certo sentido invisibilizados por grande parte da mídia”, continuou Bessa Freire.

 

O docente se refere à celebração estabelecida pela UNESCO, braço para ciência, educação e cultura da Organização das Nações Unidas, que visa contribuir para a conscientização da necessidade de se preservar e promover as línguas indígenas no mundo.

 

O encontro nesta quarta-feira começa em clima de tensão provocado pelo presidente Jair Bolsonaro e alimentado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que autorizou o uso da Força Nacional pelos próximos 33 dias no entorno da Praça dos Três Poderes.

 

O ex-capitão do Exército, aliás, vem dando seguidas declarações para inflar o discurso ideológico contra os indígenas. Em uma transmissão nas redes sociais, Bolsonaro chegou a questionar quem pagaria ‘a conta dos 10 mil índios que vêm para Brasília’. As lideranças do acampamento negam a utilização de dinheiro público para sua realização.

 

Além disso, o Governo Federal adota medidas desde o início do ano para enfraquecer o controle e a representação dos indígenas no país, como o decreto que retira da Fundação Nacional do Índio (Funai) o poder de identificar e demarcar terras, bem como as críticas sucessivas a órgãos como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

 

No último mês, o governo ameaçou extinguir a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), mas se viu obrigado a recuar por conta da mobilização da sociedade civil no país.

 

“Há 57 milhões de brasileiros, uma parte desenganada, que votou em última análise contra os interesses dos índios, mas eles têm muitos aliados na nossa sociedade e fora do Brasil. A sociedade brasileira começa reagir de uma forma lenta porque os movimentos sociais nos próprios governos petistas foram quebrados em um certo sentido e não saíram fortalecidos”, criticou o professor.

 

Ouça a entrevista de José Ribamar Bessa Freire na íntegra:

 

 

Entrevista em 24.04.2019

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