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Ivanir dos Santos: “Racismo está na gênese da sociedade brasileira”

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Os avanços da sociedade em torno da busca por igualdade racial são latentes. Direitos relegados aos negros por séculos vão, aos poucos, sendo restabelecidos no país como o acesso à educação pública e a representatividade institucional.

 

Entretanto, na véspera do dia da Consciência Negra, ainda é preciso admitir que o preconceito está presente em falas, gestos e ações de boa parte da população, especialmente após a chegada ao poder no país de grupos de direita que impõem pautas contra os direitos humanos e as conquistas históricas do povo afrodescendente.

 

O babalaô e doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ivanir dos Santos lembrou que, apesar das recentes conquistas dos negros, a discriminação acontece desde a constituição da coletividade no Brasil, o que leva um quadro onde o genocídio dessas pessoas está instituído.

 

“O racismo e a intolerância religiosa estão na gênese da sociedade brasileira desde a sua formação, desde a chamada a invasão dos portugueses aqui no Brasil. Nos últimos anos, se tem um dado positivo que é o de todo mundo hoje falar desse tema. Está mais visível para a sociedade, em alguns meios de comunicação, e temos de observar que os dados do IBGE mostram onde está a desigualdade social e o impacto que ela tem na sociedade negra, seja no campo do trabalho, da educação, da saúde, ou seja, mesmo na ação do Estado que já é feita secularmente, mas agora mais ainda, que é o genocídio da juventude negra”, disse, em referência ao estudo recente do instituto que mostra que a população negra tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídios que os brancos.

 

“Isso é uma política que está na mentalidade da sociedade brasileira, dentro das instituições, o Judiciário e o Legislativo pensam assim. O Executivo executa uma política de não respeito às populações, e na última fala oficial do governo brasileiro sobre direitos humanos, ele nega as humanidades dessas populações. Claramente a fala e as medidas vão tirar direitos dessas populações”, lamentou Ivanir.

 

Os retrocessos estabelecidos no governo de Jair Bolsonaro vêm acompanhados da falta de investimento público para implementação de políticas sociais voltadas para a defesa dos direitos dos negros. O babalaô ressaltou que os programas não ganham efetividade caso não haja orçamento para que sejam postos em prática. Ainda assim, ele observa a mobilização popular.

 

“O que me dá esperança é a reação da comunidade negra e também do conjunto da sociedade em geral, de uma boa parcela não negra, que começa a entender o quanto isso é um entrave para a democracia e para o avanço da sociedade brasileira. Sou da época onde o 20 de novembro era comemorado por nós do movimento negro, uma turma muito pequena na Central do Brasil panfletando e denunciando o racismo. Hoje você vê que isso está espraiado, esse debate não é nem mais um dia, hoje você tem atividades desde o início do mês. Agora do debate para a ação efetiva de pressão, de mobilização, ainda há uma distância grande. Temos de transformar esse debate em atitudes e pressionar o governo a respeitar o direito dessas populações”, encerrou.

 

Ouça a entrevista de Ivanir dos Santos:

 

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