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Kocher descarta impeachment de Donald Trump no Estados Unidos

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O Senado dos Estados Unidos inicia nesta terça-feira (21) o julgamento do processo de afastamento do presidente Donald Trump, depois de o impeachment ter sido aprovado pela Câmara dos Deputados no final de 2018.

 

A acusação ao mandatário é de abuso de poder no episódio que envolve um pedido ao governo da Ucrânia para investigar a família do seu opositor Joe Biden. Há também a indicação de que Trump teria obstruído o Congresso ao tentar impedir a realização de depoimentos, além de não entregar documentos ao Legislativo estadunidense.

 

O professor de História Contemporânea da Universidade Federal Fluminense (UFF) Bernardo Kocher avalia a situação do líder da maior potência econômica do mundo como ‘grave’ e elenca outros fatores, além da intervenção em uma nação estrangeira.

 

“Não só pela tentativa de interferência na política interna de um país, mas é a tentativa de formação de uma diplomacia paralela ao Estado americano. Isso que é grave e será abordado no processo de impeachment porque a diplomacia oficial foi bypassada por atores do presidente, fazendo uma diplomacia presidencial visando ganhar a eleição, é uma espécie de Watergate do Século XXI”, comparou.

 

Apesar de apontar a gravidade da postura do presidente dos Estados Unidos, o docente não crê na saída de Trump do cargo, tanto pela correlação de forças no parlamento do país norte-americano, como pela proximidade do processo eleitoral.

 

“Não vejo base para o impeachment no sentido jurídico, mas a questão é política, é quanto o Partido Republicano vai querer encurralar o presidente em uma época de eleição, sabendo que o presidente é cabeça de chapa nacional, ele puxa votos para Republicanos em todo lugar. É todo um establishment que está em jogo, mesmo ele não sendo um Republicano típico, de carreira longa dentro do partido, mas não tem mais jeito. Ou os Republicanos têm um candidato melhor do que ele, o que seria inusitado não concorrer à reeleição, ou vão ter de chancelar sua atitude”, disse Kocher.

 

A discussão do afastamento do líder estadunidense não deve se estender por muito tempo, na opinião do especialista em política internacional. Ainda que as denúncias contra Trump sejam contundentes, o professor citou situações anteriores onde o Congresso fez vista grossa ao impedimento de um mandatário.

 

“Isso vai até março, abril, maio, no máximo. É um suicídio manter um processo aberto até porque o mandato está acabando. Não creio que isso seja suficiente para derrubá-lo dada a situação americana, mas, de qualquer forma, podem vir coisas ainda mais escabrosas. A verdade é que ele mexeu com o filho de um candidato que tem lá suas chances, mas os Democratas também fizeram coisas assim. Lembre-se que o presidente [Bill] Clinton foi submetido a um vexame por uma atitude, digamos, imoral dentro de um órgão público”, lembrou o professor da UFF, fazendo referência ao escândalo sexual do ex-presidente com a estagiária da Casa Branca Monica Lewinsky nos anos 1990.

 

Ouça a entrevista de Bernardo Kocher:

 

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