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A diversidade racial, cultural e religiosa sempre foi uma das principais características do país ao longo dos séculos. As múltiplas expressões de fé ajudaram na formação da sociedade brasileira e forjaram nossa identidade. Contudo, a pluralidade vem sendo ameaçada nos últimos tempos. Episódios de intolerância se sucedem e preocupam em especial os defensores das religiões de matriz africana.
Esta terça-feira (21), que marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa e simboliza a luta dos povos contra o conservadorismo, contará com uma série de atividades em toda cidade promovendo o respeito e o diálogo entre as diversas crenças.
O doutor em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e babalaô Ivanir dos Santos exaltou a data e rechaçou as demonstrações de discriminação no Brasil, destacando as instâncias governamentais.
“No cenário nacional, em que há tanta perseguição, ódio, cerceamento da liberdade religiosa, onde o pensamento fundamentalista cresceu no Legislativo, no Executivo, no Judiciário e na sociedade em geral, tem se colocado em risco todas as liberdades baseadas na questão religiosa”, observou.
Um dos eventos que acontecem hoje para reafirmar a pluralidade de crenças é o 3° seminário sobre liberdade religiosa, democracia e direitos humanos, no Centro Cultural da Justiça Federal – Av. Rio Branco, nº 241, Centro -, a partir das 9h30, com a presença de representantes de diversas religiões, acadêmicos, artistas, além de membros do Ministério Público Federal e Estadual. Haverá também o lançamento do livro ‘Marchar não é caminhar’, de autoria de Ivanir em parceria com a editora Pallas.
O estudioso fez uma síntese sobre o que deve ser discutido na ocasião e comentou o atual quadro nacional de intolerância e desmonte com Jair Bolsonaro na Presidência, que remete a décadas passadas.
“O seminário terá várias mesas tratando dos temas da liberdade, da democracia e dos direitos humanos. É muito preocupante o que acontece na esfera econômica, social e político-religiosa, porque essas esferas se comunicam entre si. Não é à toa que esse retrocesso, do ponto de vista religioso já desde o final dos anos 1970 e nos anos 1980, quando de fato há a abertura política, esses grupos conservadores começam a ganhar uma conotação mais religiosa e nós alertamos que o Brasil podia crescer para o fascismo através dessas alianças religiosas e políticas”, lembrou.
“Muita gente não escutou isso, achou que teríamos o estado democrático de direito e as liberdades estavam garantidas. No entanto, nos últimos anos não foi isso que ocorreu e tem se agravado mais ainda depois de 2012, quando as reações populares conservadoras começaram a se expressar com mais força, embora o crescimento desse pensamento no Congresso Nacional, através da bancada religiosa, começou colocando uma agenda moral, contra a agenda das mulheres, de LGBT’s, da questão racial“, prosseguiu.
Além do seminário, a Cinelândia será palco, a partir das 17h, do Festival Cultural Inter-religioso Cantando a gente se entende. As apresentações musicais ficam por conta do Pastor Kleber Lukas, Coro Bienias & Prim, Altay Veloso, Varda e maestro Haroldo Goldfarb e as baterias das escolas de samba Mangueira e Grande Rio. Haverá também barracas demonstrando a diversidade religiosa existente no país.
Ouça a entrevista de Ivanir dos Santos na íntegra: