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“Lula partiu para ofensiva”, avalia Francisco Teixeira sobre discurso

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Se até a última semana a oposição ao governo de Jair Bolsonaro encontrava dificuldades em se articular para conter o desmonte do Estado brasileiro promovido desde o início do ano, o cenário pode apresentar mudanças importantes nos próximos meses após a saída do ex-presidente Lula da prisão, na sexta-feira (08), a qual estava submetido em Curitiba.

 

A avaliação é do professor de Teoria Política do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) Francisco Carlos Teixeira.

 

“Sem dúvida nenhuma [o quadro] muda profundamente, é uma grande novidade. A oposição estava totalmente desarticulada, sem nenhuma ação pró-ativa, estava só respondendo de forma muito débil. Agora vemos que Lula partiu para uma ofensiva nesse sentido. O primeiro trabalho dele, o mais importante, foi se articular. A oposição terá de ir para os estados colocar ordem na casa, uma narrativa em pé para enfrentar essa falta de vitalidade”, observou.

 

Durante seu discurso no último sábado (09), em frente à sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo-SP, Lula criticou duramente o governo de Jair Bolsonaro e as medidas implantadas pelo ministro da Economia Paulo Guedes, contrariando aqueles que esperavam um posicionamento conciliador do petista depois de deixar a Superintendência da Polícia Federal.

 

“Parece que ele escolheu de fato o campo econômico, bateu no Guedes e nos péssimos resultados que tem apresentado até agora. O desemprego e o desalento crescem, as pessoas não têm nem mais dinheiro para sair de casa e procurar emprego. O sub-emprego também cresce enormemente, então há um campo fértil para fazer isso [crítica]. O programa do Guedes não me parece que vai dar resultados. Você tirar dinheiro da educação e saúde para fazer alguma coisa é despir quem está sem roupa. O DNA do Guedes não é emprego. Esse será o grande embate que teremos”, analisou.

 

Há uma avaliação de parte dos críticos de que a postura combativa do político do PT pode favorecer a ala bolsonarista, visto que a polarização na sociedade está colocada e os apoiadores do atual presidente adotam continuamente a estratégia de radicalização do debate. O docente da UFRRJ vê vantagens nesse panorama.

 

“Isso é bom, as pessoas terão de assumir a responsabilidade de colocar a cara na janela, não vão poder mais ficar no ‘eu sou do Novo, votei no Amoedo’, vão ter de se assumir e isso é muito bom para a política. Quem é favorável ao presidente Bolsonaro, que diga que é favorável assumindo todo o pacote, com todos esses problemas que o clã Bolsonaro oferece em sua política. Não dá para você ficar em cima do muro no momento que tudo isso está acontecendo no país”, observou.

 

As denúncias de corrupção que acabaram atingindo boa parte do espectro político da esquerda, algo do qual Lula ainda não conseguiu se livrar, não é considerado por Teixeira como decisivo na avaliação popular. O professor ressaltou que os idealizadores do impeachment e da prisão do ex-presidente atravessam processo semelhante.

 

“A política é como nuvem, o Haddad conseguiu o segundo lugar na eleição com uma votação expressiva. De lá para cá, teve o Intercept, o desgaste do Moro, muita coisa passando por baixo da ponte. O mundo muda, aquilo é um retrato, não é um filme. Agora tem uma mancha de corrupção também carimbada no Deltan Dallagnol da mesma maneira e crescente, tem um julgamento do Moro sendo esperado no Supremo. Quem imaginava isso no momento em que o Lula foi preso?”, finalizou o docente.

 

Ouça a entrevista de Francisco Carlos Teixeira na íntegra:

 

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