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“Luta do MST é mais ampla”, diz Piñero após denúncia da Record

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O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) reagiu às denúncias feitas pelo programa Domingo Espetacular, da Record TV, do último dia 10, em relação ao 1º Encontro das Crianças Sem Terrinha, realizado em julho do ano passado.

 

O membro da direção nacional do MST Joaquín Piñero acusou a emissora fundada pelo Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, de tentativa de criminalização do movimento junto à opinião pública ao exibir a matéria do evento infantil.

 

“O que aconteceu no domingo foi uma tentativa a partir dos meios de comunicação de desmoralizar os movimentos sociais, criminalizar do ponto de vista de que a sociedade veja essas organizações como algo ruim e não como parte de um processo da democracia do nosso país, isso é parte do processo dessas entidades para depois vir o ataque com uma repressão mais direta”, destacou.

 

Na reportagem, intitulada ‘A polêmica dos Sem Terrinha’, os jornalistas da Record ouvem supostos especialistas que criticam o fato de crianças participarem de um encontro dito político, em Brasília.

 

Apesar da denúncia, a emissora não entrevistou representantes do movimento sem terra, atacando um preceito básico do jornalismo isento. Além disso, as entidades oficiais de defesa da infância e da juventude também não foram procuradas pela reportagem. O MTST divulgou uma nota em repúdio à matéria exibida.

 

A organização alega que, na ocasião, teve as autorizações dos órgãos responsáveis e respeitou os padrões de segurança estipulados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O encontro debateu a produção de alimentos saudáveis e temas relacionados à educação infantil.

 

“No nosso país, por incrível que pareça, ainda temos mais de 11 milhões de analfabetos e essa cifra é muito mais alta se analisarmos o meio rural, ou seja, lá no campo faltam mais escolas ainda. Esse é um problema diretamente ligado à nossa luta, não tem como o movimento social, que tem a pretensão de lutar pela reforma agrária, nas suas bases contar com pessoas analfabetas, que não tenham nenhum tipo de apoio por parte do Estado. Resolver essas questões para nós é fundamental e a luta do MST é muito mais ampla”, avaliou Joaquín.

 

Atualmente o MST mantém mais de 2 mil escolas por todo país reconhecidas pelo Ministério da Educação para atender os filhos dos trabalhadores do movimento, que conta com cerca de 2 milhões de pessoas em busca de terras para conseguir sua subsistência.

 

“Um dado importante é que uma em cada cinco crianças está fora da escola. É de fato um problema muito grave. Já há muito tempo quando fazemos uma ocupação, uma das primeiras estruturas que construímos é uma escola, além, claro, do barracão da cozinha, mas a escola é parte do nosso processo de luta. Acreditamos que seja a partir daí que vem a transformação”, pontuou o dirigente.

 

Leia abaixo a nota do MST na íntegra:

 

“O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra vem a público denunciar e repudiar a distorção de informações veiculadas na noite deste domingo (10) no Programa Domingo Espetacular. A reportagem “A Polêmica dos Sem Terrinha”, tem como único objetivo manipular a opinião pública e fortalecer o processo de criminalização de organizações populares que lutam pela defesa dos seus direitos.


Num país, em que o número de analfabetos supera a marca de 11 milhões de pessoas e que 1 a cada 5 crianças está fora da escola, nos surpreende que um Encontro Nacional de Crianças Sem Terrinha, onde foram discutidos temas relacionados aos direitos das crianças e a produção de alimentos saudáveis, seja classificado como doutrinário.

 

Reafirmamos que o Encontro teve as autorizações dos órgãos responsáveis e respeitou todos os padrões de segurança exigidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Destacamos ainda, que todas as crianças tiveram autorização dos pais, conforme prevê a legislação, além disso, todos os alvarás necessários foram emitidos pelos órgãos competentes, incluindo a Vara da Infância e Juventude. A Rede Record, ao disseminar mentiras, não leva em consideração critérios mínimos de apuração e imparcialidade, faltando, entre outras questões, com a ética jornalística.


O Artigo 6º da Constituição Federal do Brasil prevê, dentre outras coisas, o direito à educação. Nesse sentido, o MST não só luta para que esse direito seja respeitado como também trabalha cotidianamente para que nos tornemos um país mais digno e, sobretudo, menos desigual. Temos uma longa trajetória de lutas no acesso à educação pública, gratuita e de qualidade em todos os níveis para as crianças, jovens e adultos.


Em toda a nossa história, foram conquistadas mais de duas mil escolas públicas, reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC), nos acampamentos e assentamentos em todo o país, que atendem a crianças, adolescentes e adultos.


Milhares de camponesas e camponeses, organizados pelo MST tiveram acesso à alfabetização e se formaram no ensino fundamental, médio, em cursos técnicos e de nível superior. Há filhos e filhas de famílias assentadas em mais de 100 turmas de cursos formais e mais de quatro mil professores foram formados a partir das lutas pela educação pública, considerada pelo Movimento um direito básico.


Enfatizamos, que enquanto movimento de luta pela terra, pela Reforma Agrária e pela transformação da sociedade, continuaremos defendendo os direitos e a cidadania plena para todas as pessoas, em especial aquelas que vivem no campo.


Nós não só lutamos como fomentamos a educação no país e, diante de tudo isso, exigimos imediato direito de resposta e desafiamos a emissora a construir um jornalismo sério, de qualidade que preze pelos fatos e não por interesses políticos.

 

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra — MST

São Paulo, 11 de fevereiro de 2019

 

Ouça abaixo a entrevista de Joaquín Piñero:

 

 

Entrevista em 14.02.2019

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