Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Maringoni: “Militar brasileiro nos EUA é atentado à soberania”

Compartilhe:
gilberto_maringoni_1170x530

O alinhamento do governo de Jair Bolsonaro à política intervencionista estadunidense vai se aprofundando perigosamente a cada dia, em especial no campo militar. Um general brasileiro passará a integrar o Comando Sul das Forças Armadas dos Estados Unidos ainda este ano, conforme informação divulgada pelo almirante Craig Faller, que lidera a divisão destinada à segurança na América Central, Caribe e América do Sul.

 

O depoimento do militar estrangeiro foi feito no último dia 7 de fevereiro à Comissão de Forças Armadas do Senado dos Estados Unidos, colocando o Brasil ao lado de Chile e Colômbia como países que mais têm estabelecido parcerias. O professor de Relações Internacionais da Universidade do ABC Gilberto Maringoni observa este anúncio como um risco à autoridade local.

 

“Esse caso é um atentado à soberania nacional. O Exército brasileiro ficou reduzido a quê agora? O Exército é uma força de defesa das fronteiras do país, de inimigos externos, de valores da nacionalidade. Quando o Exército se subordina à força de outro país, acabou a soberania. O Exército brasileiro participou da ditadura, tem uma história complicada, mas também tem uma história de muita dignidade, acaba tendo sua imagem jogada na vala comum de interesses menores da política”, atacou.

 

Em sua declaração aos congressistas, Craig valorizou a cooperação brasileira e listou Ríussia, China, Irã e seus ‘aliados autoritários’ Cuba, Nicarágua e Venezuela como inimigos da política de segurança dos Estados Unidos.

 

“Na segunda guerra mundial, o Brasil era aliado dos Estados Unidos. Agora não existe isso, então é uma subordinação. Até o ex-ministro da Defesa Celso Amorim escreveu um artigo ontem na Carta Capital colocando como o Brasil fica dentro de uma ação militar dos Estados Unidos atacando um país como a Venezuela ou a Nicarágua, que esse almirante define como um dos países contrários aos interesses americanos, ou contra Cuba, vamos endossar isso? Então é um problema de soberania nacional, é um problema militar, não é um problema operacional de um comandante de uma força brasileira”, ressaltou Maringoni.

 

O Ministério da Defesa confirmou a atuação do militar nas Forças Armadas dos Estados Unidos. Além disso, a assessoria da instituição lembrou que esta é a primeira vez que um oficial do país fará parte das fileiras do Exército estadunidense.

 

Entretanto, a estratégia de se aliar militarmente ao país norte-americano vai de encontro a resoluções aprovadas pelo Congresso, como a Política Nacional de Defesa, o Livro Branco de Defesa Nacional e a Estratégia Nacional de Defesa, que tratam da atuação multilateral das Forças Armadas sem que estejam subordinadas a outra nação.

 

O professor da Universidade do ABC lembrou que o presidente da República foi eleito com discurso em que valorizava a hegemonia nacional diante das relações com outros países chamados por ele de ‘comunistas’.

 

“Bolsonaro entra em contradição. O governo está uma bagunça, são quadros totalmente despreparados para gerir o Estado, uma ação entre amigos, não teriam condições de dirigir uma prefeitura de cidade média do interior de São Paulo. Estão no comando de uma das 10 maiores economias do mundo em um grau de irresponsabilidade absurdo. Fico imaginando essa classe média que votou no Bolsonaro e queria que matasse pobres, pretos, um país mais desigual, o que está achando de toda essa inépcia, absurda insensibilidade social e agora tem um atentado à soberania nacional”, concluiu.

 

Ouça a entrevista de Gilberto Maringoni na íntegra:

 

 

Entrevista em 15.02.2019

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores