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“Não existe liderança do governo em nenhum setor”, considera Rudá Ricci

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O panorama de desmonte do Estado nacional que o Brasil atravessa atualmente é creditado pela maioria dos analistas ao governo de Jair Bolsonaro com apoio dos militares que se alinharam ao ex-capitão do Exército ainda durante o período eleitoral, no ano passado.

 

Contudo, o cientista político e diretor geral do instituto Cultiva Rudá Ricci não concorda com esta tese. Para ele, a acelerada perda de direitos fundamentais dos trabalhadores e a entrega das nossas riquezas são ponteadas por outros atores, que ganharam espaço com a crise de representatividade que o país enfrenta.

 

“Participei de algumas negociações sobre a [reforma da] Previdência e o governo Bolsonaro, o Paulo Guedes não têm liderança nenhuma. O empresariado está alinhado com o DEM e com Rodrigo Maia, não existe liderança nenhuma do governo em nenhum setor. Na educação, na área econômica, na área de produção, isso realmente acho que é uma confusão de dados, é uma espécie de sofisma”, avaliou.

 

O analista destacou a decadência econômica que o Brasil vem enfrentando e a possibilidade crescente de um desequilíbrio financeiro mundial, o que potencializaria o debacle local pela ausência de uma liderança capaz de orientar os rumos para a retomada do crescimento.

 

A falta de controle no Palácio do Planalto e o apoio cada vez mais raro das legendas podem ser exemplificados, de acordo com Rudá, pelo manifesto assinado ontem (02) por 16 partidos, entre eles PT, PSDB e Cidadania, em um movimento que se autodenomina ‘Direitos já! Fórum pela Democracia’ em oposição ao governo, criando um espaço de diálogo.

 

O cientista político não considera que haja um programa definido por um setor racional da gestão federal em consonância com os interesses norte-americanos. Ele lembra que há uma batalha pela hegemonia aberta no mundo, com influência dos principais atores no cenário nacional.

 

“Não é verdade que existe um projeto no Brasil, existem obviamente intenções políticas externas e que estão jogando pesado. Os Estados Unidos, nesse momento, têm tanto poder quanto a China no nosso país, assim como a Rússia, assim como Europa. Existe uma disputa geopolítica importantíssima e os Estados Unidos, embora tenham esse poder imenso, estão disputando o tempo inteiro com a China. É importante entender que não existe esse alinhamento que me parece muito estruturalista, ou seja, alguém fala lá em cima e automaticamente tudo se alinha sem nenhum tipo de reação”, disse Rudá.

 

Na leitura do diretor do instituto Cultiva, uma força que desponta no cenário político, com apoio dos partidos de centro-direita, é Rodrigo Maia. Contudo, o presidente da Câmara não conta com a simpatia popular, conforme demonstrou recente pesquisa do Datafolha.

 

“Ele não consegue mobilizar, o próprio Rodrigo Maia disse isso, ‘eleição no Brasil é muito emocional e não tem espaço para pessoas como eu com discurso racional’. Do jeito dele, admitiu que não tem voto, então essa é a crise que estamos vivendo, mas hoje a força que daria talvez mais condições de governabilidade seria a centro-direita”, finalizou.

 

Ouça a entrevista de Rudá Ricci na íntegra:

 

 

Entrevista em 03.09.2019

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