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O quadro de estagnação econômica e depressão social no país inflado pelo governo de Jair Bolsonaro é alvo de críticas de diversos analistas da política nacional. O ex-capitão do Exército sofre resistência até mesmo dentro do Congresso, onde tem dificuldades para articular maioria na aprovação de suas matérias.
A falta de horizonte nas políticas de desenvolvimento tende a manter o caos instalado por longo período, potencializado pelo panorama internacional. Essa é a opinião do professor do Instituto de Economia da Universidade de Campinas (Unicamp) Plinio de Arruda Sampaio Junior.
“A única verdade no Brasil é que a crise não tem fim. Estamos assistindo uma economia estagnada, desindustrializada, não tem mais os motores endógenos do crescimento internalizados e fica na dependência da economia internacional. Quando a economia mundial vai bem, as coisas aqui ficam ‘menos piores’, mas quando vai mal, como é o caso agora, a economia brasileira fica a zero”, observou.
Os altos níveis de desemprego e desalento entre os trabalhadores motivam a gestão do Palácio do Planalto a oferecer a reforma da Previdência como a solução para o cenário no mercado de trabalho, auxiliados por maciça propaganda dos veículos da mídia dominante.
O economista alertou para o fato de a proposta da equipe do ministro da Economia Paulo Guedes desmantelar a garantia da seguridade social no país, ameaçando o tripé saúde, assistência e previdência, e oferecendo lucros aos banqueiros.
“Não é reforma alguma, há um desmantelamento completo da Previdência, não há nenhuma relação teórica, empírica, entre a reforma e a recuperação do crescimento. A reforma é uma demanda do setor financeiro que vê na aposentadoria do brasileiro um grande negócio. Não é uma pauta do governo Bolsonaro, é uma agenda do sistema financeiro, que impõe a todos os presidentes que chegam”, avaliou Plinio.
A alternativa para conter o avanço das políticas recessivas é a organização da sociedade. O primeiro passo pode ser dado na próxima sexta-feira (14), quando as centrais sindicais de todo país convocam a paralisação dos trabalhadores. O professor explicou também as razões para o déficit das contas públicas.
“Só tem um jeito de resolver que é o povo indo para a rua, sexta-feira tem greve geral dizendo que não vamos fazer o ajuste fiscal da Previdência. Todo mundo já sabe que o problema fiscal brasileiro tem causa primeiro na recessão. A recessão causa desajuste fiscal, não é a crise que causa a recessão. O Brasil gasta com juros da dívida pública mais ou menos o que gasta com a Previdência. A sangria está na dívida pública, é ali que o tem governo de atuar”, destacou.
Ouça a entrevista de Plinio de Arruda Sampaio Junior:
Entrevista em 12.06.2019