No dia do aniversário da maior empresa estatal brasileira, só as lembranças de tempos passados provocam alguma euforia. A Petrobras, fundada por Getúlio Vargas no início da década de 1950, atravessa o processo de desmonte mais intenso em seus 66 anos de existência.

O entreguismo dos neoliberais, personalizado atualmente em Jair Bolsonaro, combinado à sanha do capital estrangeiro configuram o pior momento que a empresa petrolífera já atravessou, superando até mesmo os escândalos de corrupção do chamado ‘Petrolão’.

O consultor parlamentar aposentado Paulo César Ribeiro Lima lamentou a situação pela qual passa a empresa, com um avançado projeto de venda de ativos em curso, além dos leilões das reservas do pré-sal, descoberta mais significativa dos engenheiros brasileiros na história da estatal.

“A Petrobras é o principal projeto nacional, é a grande empresa do Brasil, a única que é referência global pelos seus avanços tecnológicos e científicos. O centro de pesquisa da Petrobras talvez ainda seja o principal do mundo na área de produção de petróleo em águas profundas. A Petrobras é uma empresa integrada do poço ao posto, construída por nós”, destacou.

“O que mais me chama atenção e causa indignação é a falta de inteligência no Brasil. As pessoas confundem alguns diretores que realmente praticaram ilícitos na Petrobras com a empresa. A empresa é muito maior que um ou dois diretores”, prosseguiu o ex-funcionário da estatal.

Parte da pressão para que aconteça a venda do petróleo da cessão onerosa é provocada por gestores de estados e municípios, de olho nos royalties que serão gerados para aplacar a situação de insolvência financeira em que se encontram.

Contudo, os valores que seriam amealhados caso as jazidas seguissem sob o controle do Estado brasileiro superariam em muitas vezes o que resultará da venda principalmente para empresas estrangeiras.

“Nós estamos falando em um leilão que vai gerar em valor presente mais de R$ 1 trilhão em receitas. Podíamos estar falando em receita de estados e municípios de R$ 300 bilhões. Eles estão lutando por R$ 11 bilhões, que não é nem verdade, porque desse bolo de R$ 106 bilhões [conseguido com o leilão, segundo estimativas do governo], será deduzido o imposto de renda. Todos os municípios do Brasil estão lutando para receber R$ 4 bilhões líquidos. Eles deveriam receber R$ 150 bilhões”, dissecou Ribeiro Lima.

Nesta quinta-feira, por conta do aniversário da estatal, centrais sindicais e movimentos sociais realizarão manifestações em todo país no chamado Dia Nacional de Luto. No Rio de Janeiro, a concentração para o ato se dará em frente à igreja da Candelária, no Centro, a partir das 16h.

Ouça a entrevista de Paulo César Ribeiro Lima:

Entrevista em 03.10.2019