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Rudá: “Mais pobres creem que vida vai melhorar só por esforço próprio”

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O cenário de estagnação da economia brasileira, refletido nos números que a grande imprensa tenta ‘maquiar’ para provocar euforia, se reflete no dia-a-dia da população. A queda da renda e da capacidade de consumo acaba produzindo a precarização das relações de trabalho, incentivada pelas recentes mudanças na legislação.

 

Com isso, a sensação de melhora do quadro se amplia e o discurso do ‘empreendedorismo’, imposto como única alternativa, ganha força na sociedade, com o aumento do número de trabalhadores sem carteira assinada e a consequente perda de direitos sociais históricos.

 

O sociólogo e diretor do Instituto Cultiva Rudá Ricci observou que o avanço de determinados planos da economia nacional está combinado com a utilização das reservas para conter o colapso que o Brasil enfrenta, potencializada pela saída de recursos dos investidores.

 

“Tivemos uma melhora quase minúscula em alguns setores que são emblemáticos da economia, como é o caso da construção civil, mas, por outro lado, temos a queima das reservas cambiais, isso é uma sinalização muito importante da crise. Também tivemos péssimas vendas no Natal, quase 2% menores que no ano anterior. Isso mostra que não estamos nem um pouco próximos de um céu de brigadeiro”, disse.

 

“A situação social está cada vez mais crítica, houve um aumento do número de pobres no Brasil novamente, entramos nas listas das tragédias sociais e da violência no mundo, como é o caso do número de mortes de ambientalistas, de censura à imprensa, a filmes e a uberização que vem atingindo o país”, analisou o sociólogo.

 

O fenômeno da expansão das igrejas, em especial das neopentecostais, que utilizam-se da fé para impingir às pessoas a possibilidade de sucesso pessoal e profissional, isentando o Estado da implementação de políticas públicas de emprego e renda, também foi destacado pelo diretor do Instituto Cultiva.

 

“Várias pesquisas publicadas recentemente revelam que os moradores de favelas e os mais pobres do Brasil acreditam que a vida vai melhorar por esforço próprio. Você vê que nós não temos uma população que se engaja para melhoria da sua vida do ponto de vista social, e que têm uma crença extrema que é possível ter uma vida melhor nesse país. Isso faz parte da religiosidade no Brasil”, ressaltou.

 

O último aspecto para a conjuntura intrincada a qual o país está submetido, na opinião de Rudá, diz respeito ao enfrentamento político-ideológico que foi estabelecido nas últimas eleições gerais e levou à ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência da República.

 

“Destacaria esse acordo tácito, não explícito, entre o petismo e o bolsonarismo. Os dois jogam com a polarização para que, com isso, consigam liderar os dois blocos eleitorais e partidários mais ao extremo, a centro-esquerda, no caso do PT, e a extrema-direita, e se puder abocanhar a direita também, no caso do bolsonarismo. O Lula sai da prisão, radicaliza o discurso e, em seguida, começa a ajeitá-lo melhor. Nesse momento temos, como se fala no boxe, o estudo de um adversário em relação ao outro se preparando para as eleições municipais. É um conjunto de situações que, me parece, faz com que a gente esteja em um período morno. Como diz a Bíblia, morno é o pior dos mundos”, comparou.

 

Ouça a íntegra da entrevista de Rudá Ricci:

 

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