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Sakamoto teme avanço da extrema-direita com criação de novo partido

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O presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem (12) sua saída do PSL, ao qual se filiou para concorrer ao cargo máximo do país nas últimas eleições. A crise com o líder da legenda Luciano Bivar se ampliou e o mandatário já anunciou a intenção de criar um novo partido, que será chamado de Aliança pelo Brasil.

 

O objetivo do político é levar para a nova sigla parlamentares alinhados ao seu ideário e criar um partido considerado de ‘extrema-direita pura’, ampliando ainda mais a polarização. Além disso, Bolsonaro tenta também abocanhar os recursos do fundo partidário a que o PSL teria direito no próximo pleito.

 

A iniciativa do presidente da República preocupa o jornalista e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Leonardo Sakamoto, lembrando que a intenção é unir dois dos principais grupos que patrocinaram a chegada do político ao poder.

 

“Isso tem rabo de ser um partido de extrema-direita. Ele quer unir o militarismo com a religião, a família, os valores, ou seja, tem tudo para ser um partido de extrema-direita puro. Isso complica bastante, saber o quanto esse partido de extrema-direita cresce, o quanto ele chama parlamentares, o quanto vai ser competente para tentar se afirmar eleitoralmente no ano que vem, isso é realmente preocupante para o Brasil e para a América Latina”, apontou.

 

“Somos um Estado com um governo autoritário, mas ainda existem aqui e ali alguns freios e contrapesos, não porque a democracia está voltando ao normal, mas os grupos que chancelaram o impeachment, que ajudaram a esgarçar as instituições, hoje estão com medo. A direita liberal achou que poderia conter o Bolsonaro para fazer uma parceria para a aplicação das reformas econômicas que ela queria. Agora viu que o Bolsonaro é incontrolável”, ressaltou o docente.

 

A comparação do cenário caótico que acontece em outros países da América Latina em relação ao Brasil ainda não é possível para Sakamoto, visto que há uma “institucionalidade segurando a base” por aqui. Na opinião dele, a direita liberal se posiciona contrária ao autoritarismo imposto pelo presidente.

 

Até mesmo a saída do ex-presidente Lula da prisão, beneficiado por decisão dos ministros da Suprema Corte, tem relação com a tentativa de se manter uma oposição efetiva ao discurso de Jair Bolsonaro.

 

“A libertação do Lula vem no sentido do Supremo Tribunal Federal decantar e perceber que esses movimentos extremados à direita podem colocar em risco as instituições, ou seja, eles próprios. Quando o Supremo muda de voto em relação à segunda instância, também atua como Poder moderador. Os ministros do Supremo ficaram com medo não de serem cassados, mas de o governo avançar do jeito que estava avançando. Trazer de volta o Lula para o processo político vem no sentido de tentar equilibrar esse processo”, citou, lembrando ainda a votação na Segunda Turma do STF que pode estabelecer a suspeição de Sergio Moro no processo que condenou o petista.

 

A liberdade do ex-presidente, além de oferecer um alento para a esquerda no país, pode colocar no debate uma parcela da população que não compreende o que está posto pelo governo, citando como exemplo o pacote de empregos que desonera as empresas e cobra a conta no seguro-desemprego. A competência de Lula em se comunicar com as classes mais pobres foi exaltada pelo jornalista.

 

“A gente fala que são um absurdo completo as medidas do governo, mas isso chega à população? Pode chegar através de comunicadores de massa, mas a maior parte das críticas não chega porque o grosso da população não entende. O Lula tem uma capacidade, diferente de outras lideranças, de falar para o povo, e quando ele fala, é um megafone porque independentemente de concordar com ele ou não, por ser um dos mais importantes líderes políticos que passou pelo país, ele vai ser ouvido pela mídia convencional, pelas mídias alternativas, nas redes sociais, e traduzindo isso”, destacou.

 

Ouça a entrevista de Leonardo Sakamoto na íntegra:

 

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