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Sociólogo associa morte de Adriano a ex-partido de família Bolsonaro

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As dúvidas que permeiam as circunstâncias da morte do ex-integrante do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro Adriano Magalhães da Nóbrega, o capitão Adriano, pela Polícia Militar da Bahia em um sítio na cidade de Esplanada, vêm produzindo as mais diferentes teses na sociedade civil.

 

Uma delas – e a mais comum – é a possibilidade do ex-miliciano que comandava o ‘Escritório do crime’ ter sido morto como ‘queima de arquivo’, por ter ligações com figuras importantes do cenário político brasileiro, como a família Bolsonaro. É com essa hipótese que trabalha o sociólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) José Cláudio Souza Alves.

 

Ele citou as contradições existentes entre as versões dadas pelos órgãos de segurança pública e lembrou que o ex-policial era monitorado há muito tempo tanto em relação aos crimes cometidos pela organização que chefiava, incluindo a execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes, como o envolvimento com Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro no escândalo das ‘rachadinhas’ na Assembleia Legislativa do Rio.

 

“É algo muito absurdo, não se compreende como conseguiu se chegar a este resultado (morte). Se você analisar que há uma operação que leva em torno de um ano, de energia, tempo, com dinheiro do contribuinte, de monitoramento de uma figura chave de dois grandes crimes que acontecem paralelamente no Rio de Janeiro, faz parcerias com polícia de outro estado para chegar em um ambiente que não era complexo, não era uma favela, era uma residência em uma região com pouquíssima densidade demográfica, praticamente isolada, era só fazer e anunciar o cerco”, analisou, destacando a relação de Adriano com a antiga legenda do presidente da República.

 

“Ele não é um homem estúpido, não tinha o fator surpresa, estava isolado, sozinho e não iria reagir. Sabia que se resistisse, estaria em absoluta desvantagem, ele é especialista em produzir dano ao corpo e à vida de outras pessoas, sabe melhor do que qualquer um de nós qual é a situação que está enfrentando nesse ambiente de confronto armado, não era louco de simplesmente reagir em uma situação de cerco para ser morto. Ele foi abrigado por uma estrutura política, estava dentro de um sítio pertencente a um vereador do PSL, partido que tem um projeto econômico, político e social de extrema-direita”, prosseguiu.

 

O discurso belicista empunhado nas últimas eleições, que levou o partido até então nanico ao protagonismo político no país, foi ressaltado pelo docente da UFRRJ.

 

“É um partido que faz vincular na mídia o tempo todo o discurso do ‘bandido bom é bandido morto’, que tem de se aumentar a violência para responder à violência, que está envolvido muito densamente no sistema que apoia essa estrutura da execução sumária. Então ele [capitão Adriano] tinha uma rede de proteção”, pontuou.

 

A morte do ex-militar do Bope pela polícia baiana às vésperas do pleito municipal não aconteceu por acaso. De acordo com José Souza, o episódio se correlaciona com os interesses eleitorais do PSL, já que capitão Adriano poderia fornecer informações que comprometeriam a legenda caso fosse preso.

 

“Não foi uma operação de inteligência, foi de ignorância, e se usa a ignorância de acordo com os interesses. Há uma operação montada em um momento decisivo porque vários membros dessa estrutura de segurança pública no Brasil têm interesse no projeto político, são candidatos, estão se projetando politicamente desde 2018, e 2020 é decisivo para capilarizar esse processo nos municípios. O que está em jogo agora são as eleições em outubro, eliminar esse arquivo vivo para obter informações sobre toda essa estrutura que tem indícios fortes de comprometimento de uma estrutura política. A morte em fevereiro desse ano é quase que cronometrada”, avaliou.

 

Ouça a íntegra da entrevista de José Cláudio Souza Alves:

 

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