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A liberdade da qual o ex-presidente Lula desfruta atualmente foi amplamente comemorada pelo espectro progressista da política brasileira. A decisão do Supremo Tribunal Federal que restabeleceu o respeito ao texto constitucional impedindo prisões antes do trânsito em julgado de um processo penal trouxe esperança de repactuação de um campo que estava fraturado após o último processo eleitoral.
A expectativa foi amplificada após as primeiras declarações do petista ao deixar a Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Com um discurso combativo, Lula criticou duramente o governo de Jair Bolsonaro e o conluio entre o Ministério Público e a Justiça Federal que o tirou do pleito do ano passado.
No entanto, uma pergunta segue no ar: o ex-presidente vai manter o tom de embate ou buscará um grau de pacificação nas próximas aparições? O ex-deputado federal pelo PT e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Wadih Damous prefere esperar.
“Em relação ao papel do Lula, acho que a gente tem de dar um pouco mais de tempo para ver exatamente que Lula saiu da prisão. Outro dia estava conversando com o José Genoino, ele disse que o Mandela foi preso como revolucionário e saiu conciliador. Talvez o Lula tenha entrado na cadeia como conciliador e saia como revolucionário. Vamos ver como se comporta inserido no jogo da política”, avaliou.
O advogado lembrou que Lula utilizou linguagem de ‘palanque’ nas falas tanto na capital paranaense, como em São Bernardo do Campo, e apontou qual será a prioridade do ex-mandatário durante sua militância pelo país.
“Conversei muito com ele em Curitiba e o foco será a política econômica ultraneoliberal, a questão da retirada de direitos, desemprego, soberania nacional. É claro que a conjuntura não é linear, tem golpe na Bolívia, invadiram hoje a Embaixada da Venezuela e é claro que ele vai ser chamado a falar sobre tudo isso, mas o foco estratégico dele é a política econômica e social do governo Bolsonaro”, salientou.
É inegável que há em boa parte da sociedade brasileira um sentimento antipetista alimentado pelos escândalos de corrupção atribuídos ao partido, algo que Jair Bolsonaro soube capitalizar com maestria durante a campanha eleitoral.
Apesar de admitir o envolvimento de quadros da legenda em negociações espúrias, Damous realçou que as medidas implementadas para debelar as ações criminosas contra os recursos públicos não costumam surtir efeito.
“O combate à corrupção aqui no Brasil ajuda a não combater a corrupção porque a partir do momento em que você combate com vistas a ganhar espaço político, a tomar o lugar do adversário, quando não há um real compromisso em estabelecer normas que pelo menos mitiguem a prática da corrupção, o chamado combate à corrupção faz parte da politicalha brasileira e infelizmente envolveu o sistema de justiça. Tudo isso faz parte de um imbróglio e acho que esse antipetismo é fabricado, absolutamente desproporcional”, concluiu.
Ouça a entrevista de Wadih Damous: