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Valente culpa políticas neoliberais e herança colonial por debacle na AL

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O vasto cenário de crises políticas, econômicas e sociais que afetam a América Latina nos últimos anos não pode ser creditado a um fator específico. Há conjunturas e atores políticos que influenciam a situação de países como Chile, Bolívia, Venezuela, Equador, Argentina e até mesmo o Brasil.

 

Apesar da multiplicidade de circunstâncias expostas, dois aspectos podem ser citados como comuns a grande parte dessas nações sul-americanas: o neoliberalismo praticado por gestões que priorizam o poder do capital em prejuízo da maioria da população e um histórico colonial de dependência a potências globais.

 

Esse é o diagnóstico do diretor do Instituto de Relações Internacionais e Defesa (Irid) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Leonardo Valente, ainda que admita não serem estes os únicos motivos para os problemas enfrentados na região.

 

“É um momento muito delicado para a América do Sul. Aponto duas questões que acho muito relevantes. A primeira, mais recente são as políticas neoliberais que tentaram implantar a fórceps, em detrimento da ‘onda rosa’ que tivemos há alguns anos, que foi a ascensão dos governos de orientação progressista com uma tentativa de inclusão social, étnica e uma tentativa de maiores gastos sociais e redução das desigualdades”, avaliou.

 

“O outro aspecto é o da desigualdade estrutural na própria América do Sul, das heranças do colonialismo, de sociedades exploradas, extremamente estratificadas, muito desiguais do ponto de vista social”, prosseguiu o docente.

 

A respeito do papel de subserviência histórica dos países da América do Sul, Valente citou o exemplo da Bolívia como sendo um dos mais representativos, já que há, além do jogo de interesses políticos, um componente territorial considerável.

 

“O caso da Bolívia é um que sempre foi muito dramático. É um Estado plurinacional, digamos assim, mas ao mesmo tempo dividido em duas regiões de forma muito marcada do ponto de vista geográfico, social e étnico também. A Meia Lua boliviana, que é a região fronteiriça com o Brasil, de planície, formada pelos departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni, Tarija, absolutamente rica em petróleo e gás, que tem apenas 20% da população branca, de origem europeia, e tem 80% do PIB boliviano, em detrimento do Altiplano, que é a região dos Andes, extremamente pobre. Mesmo com as políticas de redução de desigualdade do Evo, é uma região muito pobre de maioria indígena. Essa é uma desigualdade travada do ponto de vista social, étnico e geográfico”, destacou.

 

A conjuntura de conflitos no continente provocada por uma reação da direita a governos progressistas que se multiplicaram na região também foi potencializada pela ausência de atuação dos movimentos socialistas a um avanço discursivo massivo.

 

“A esquerda perdeu a disputa por narrativa. A esquerda, por muitos motivos, teve a oportunidade enorme de desenvolver sua própria narrativa, explicar para a população o que estava acontecendo, o que é a economia, como um Estado funciona, como as crise chegam e isso não aconteceu. Temos de reconhecer que a direita desenvolveu uma capacidade de angariar adesões por conta de uma narrativa muito simples e lógica, muito bem concatenada”, comentou o professor da UFRJ.

 

Ouça a entrevista de Leonardo Valente:

 

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