A notícia de que a Petrobras vai fechar sua sede na Av. Paulista, em São Paulo, e alguns escritórios no exterior surpreendeu alguns analistas do setor petroleiro, mas foi encarada com normalidade por Fernando Siqueira.

O vice-diretor de comunicação da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) lembrou que a iniciativa da diretoria da estatal faz parte do processo de desmantelamento da empresa iniciado na gestão de Pedro Parente.

“É um esquema de desmonte da Petrobras. No governo Temer, ele fez uns três decretos permitindo vender ativos sem licitação, permitindo transmitir campos de produção da Petrobras para outras empresas e nomeou conselheiros oriundos de empresas concorrentes”, avaliou.

“Vender prédios agora nessa época de recesso do país, com tanta desvalorização dos ativos imobiliários, é também um absurdo, reflete a intenção de quem quer desmontar a empresa. O Parente vendeu ativos que deram um prejuízo de R$ 200 bilhões, fez uma política de preços criminosa, colocou o preço no mercado nacional mais alto do que o internacional, tanto que viabilizou a importação de combustíveis de tal maneira que a Petrobras perdeu 25% do mercado, a concorrência da importação fez com que as refinarias ficassem ociosas em até 32%”, continuou o dirigente.

Outro fato lembrado por Fernando Siqueira resultado do processo do governo contra a empresa petrolífera foi a paralisação por 10 dias dos caminhoneiros no ano passado, que reclamavam do aumento de preço do óleo diesel nos postos de combustíveis.

“Essa política absurda levou à greve dos caminhoneiros e causou um grande prejuízo ao país e às pessoas. Isso reflete a intenção privatista que tinha a gestão do Pedro Parente seguida pelo Ivan Monteiro”, destacou.

O vice-diretor de comunicação da Aepet acredita que o desejo do antigo presidente da Petrobras seria forçar o apoio da população ao processo de desmonte da estatal.

“Vejo na política de preços do Parente, primeiro com o programa de desnacionalização da Petrobras, a intenção de criar uma reação da opinião pública contra a companhia para facilitar a venda”, disse Fernando Siqueira, acrescentado:

“Segundo, favorecer os exportadores americanos que aumentaram sua venda de diesel no Brasil de 40% para 80% da pauta de importação, e também facilitar a vida dos futuros comparadores da Petrobras, que depois poriam o preço normal e a população diria que a Petrobras era contra o Brasil”.

Os campos do pré-sal descobertos pela empresa oferecem, em sua maioria, insumo de ótima variedade, com baixos níveis de gás carbônico e enxofre. Para o dirigente, o Brasil é uma das poucas nações que tentam se desfazer dessa riqueza natural.

“O petróleo já descoberto tem excelente qualidade, nenhum país do mundo transfere petróleo já descoberto, a não ser um país que não tem controle sobre o seu governo”, encerrou.

Ouça a entrevista da Fernando Siqueira para o programa Faixa Livre:

Entrevista em 19.02.2019