A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem recomendado o isolamento de pessoas com suspeita de infecção pelo novo coronavírus na tentativa de evitar que a doença se alastre. A medida de promoção de saúde pública, no entanto, é frequentemente desrespeitada pela autoridade máxima do Brasil.

Apesar de ter testado negativo para a Covid-19, Jair Bolsonaro precisa de novas avaliações médicas nos próximos dias, conforme informações do Ministério da Saúde. Contudo, o presidente permanece em aparições públicas, como nos protestos de seus apoiadores contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal no último domingo (15).

A manutenção das atividades externas pelo mandatário, minimizando os alertas das autoridades de vigilância sanitária, preocupa o mundo político, já que o exemplo presidencial é seguido por parte da população. Um dos críticos é o médico e vereador Paulo Pinheiro (PSOL-RJ).

“Tudo aquilo que não deveria ser feita pelo cidadão comum foi feito pelo presidente da República. Ele continua com sua maneira absolutamente tosca de enfrentar os problemas. Quando fala que se se contaminar o problema é dele é um absurdo. O problema não é dele, vai contaminar uma série de pessoas que trabalham com ele, além das pessoas da sua família. O ministro [da Saúde Luiz Henrique] Mandetta tem tido dificuldade de levar as coisas necessárias para vencer essa resistência”, relatou.

Ainda que Bolsonaro não obedeça às recomendações, o vereador elogiou o desempenho do titular da Pasta da Saúde no Governo Federal, assim como o Secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro Edmar Santos na crise provocada pelo coronavírus.

“Eles têm sido uma grande surpresa para todos nós. A atuação firme utilizando o trabalho essencial dos técnicos, dos profissionais que trabalham no Ministério da Saúde há muitos anos. O secretário Edmar tem sido de uma honestidade muito grande nas suas apresentações, tem cobrado. O prefeito menos um pouco, precisa ser mais contundente”, ressaltou, em referência ao chefe do Executivo municipal Marcelo Crivella.

O trabalho desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) nas pesquisas e na produção de testes para a detecção da Covid-19 também foi elogiado pelo político do PSOL. A carência da rede pública de saúde para atender à população com o iminente agravamento da pandemia, contudo, gera apreensão.

A possibilidade de as Forças Armadas auxiliarem nos cuidados à doença com a criação de hospitais de campanha foi citada pelo político.

“Não sei se na atenção básica, mas na atenção hospitalar, os hospitais das Forças Armadas no Rio de Janeiro são bem equipados e com profissionais de qualidade que têm de entrar nisso. Esses hospitais terão de ser reservados para a população em geral, como os hospitais federais que estão praticamente ‘a meia bomba’ por falta de profissionais”, comentou.

Ouça a entrevista de Paulo Pinheiro: