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“Vivemos um estado de exceção no Brasil”, lamenta presidente da Fenaj

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A postura ofensiva que o presidente Jair Bolsonaro demonstra desde a campanha eleitoral tem nos jornalistas uma das vítimas preferenciais. São comuns os casos onde o mandatário desrespeita a liberdade de imprensa, garantida na Constituição, e censura veículos e profissionais de comunicação.

 

Reflexo disso é o aumento do número de ataques à imprensa. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) registrou, em 2019, 208 casos de violência contra jornalistas, uma elevação de 54% em relação ao ano anterior. Do total, 114 foram de descredibilização e 94 de agressão direta contra profissionais.

 

Apenas o ex-capitão do Exército foi responsável por 58% desses episódios. A presidente da Fenaj Maria José Braga condenou as atitudes grosseiras de Bolsonaro e diagnosticou uma falta de ação dos Poderes instituídos, o que põe em risco a atividade jornalística.

 

“Infelizmente a gente está vivendo no Brasil um estado de exceção, em que as instituições democráticas não estão funcionando plenamente. Os ataques do presidente à imprensa de uma forma geral, aos veículos de comunicação e jornalistas, constituem de fato uma grave ameaça à liberdade de imprensa no Brasil e, consequentemente, à própria democracia”, alertou.

 

“Sem jornalismo, sem imprensa livre, não há democracia efetiva e o presidente tem feito um trabalho sistemático para descredibilizar a imprensa, para fazer com que a sociedade brasileira passe a achar que as notícias divulgadas, principalmente as que apontam problemas no governo, que contraria os interesses da própria sociedade brasileira, são mentirosas. É um trabalho bem pensado e que tem surtido efeito, já que não só ele ataca, mas como seus seguidores também atacam os profissionais de imprensa”, continuou a dirigente.

 

Apenas na última quinta-feira (16), o político proferiu três ataques à classe: pela manhã, na entrada do Alvorada, ordenou que uma repórter calasse a boca. À tarde, no Palácio do Planalto, esbravejou que os jornalistas ‘não têm vergonha na cara’. Pelas redes sociais, à noite, disse que a imprensa ‘estraga o país’.

 

“Temos dito, desde a posse do presidente, que ele não tem apreço pela democracia, pelas instituições democráticas e não respeita a liturgia do cargo. Ataca profissionais de imprensa que ele mesmo chama para conversar e, a partir do momento que esses profissionais o questionam, colocam problemas que são apontados no seu governo e dos seus auxiliares, passa para o ataque para não responder. É uma tática característica desse presidente que faz apologia da violência em vez de cumprir a Constituição Brasileira”, lamentou Maria José.

 

A respeito das notícias falaciosas publicadas pela mídia dominante nos últimos meses na tentativa de conquistar apoio popular para as reformas promovidas pelo Governo Federal, como a da Previdência e a Tributária, a jornalista ressaltou que a Fenaj vem há tempos questionando os métodos adotados.

 

“Nós temos uma posição crítica em relação ao trabalho da imprensa hegemônica no Brasil e feito críticas públicas a esse trabalho. Não se trata de achar que a imprensa é imune a crítica, que tem, digamos assim, um salvo conduto para fazer o que quiser. Estamos dizendo ,desde 2016, que parte dos veículos de comunicação hegemônicos abandonaram o jornalismo em várias ocasiões para se constituírem como oposição ou situação em determinados governos. Agora, os veículos continuam, de alguma forma, respaldando o governo de Jair Bolsonaro por conta da agenda econômica que ele traz”, lembrou.

 

A presidente do órgão afirmou que é urgente a necessidade de criação de mecanismos de regulação, controle e democratização da imprensa brasileira, como já acontece em muitas nações.

 

“A imprensa age livremente, sem qualquer tipo de norma, o que não acontece na maioria dos países democráticos do mundo. É preciso sim que os meios de comunicação, principalmente os que são concessões públicas, veículos de rádio e televisão, prestem contas de suas atividades e sejam abertos ao debate plural. Esse debate pode se dar de diversas formas. Citarei apenas um exemplo que não ocorre na maioria dos veículos de comunicação no Brasil, que é a figura do ouvidor, alguém que terá a obrigação de ouvir as críticas da sociedade e de trabalhar essas críticas internamente nos veículos”, pontuou.

 

Ouça a entrevista de Maria José Braga:

 

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