Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
O alinhamento ideológico entre o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, e Israel torna-se a cada dia mais evidente. Na última segunda-feira (18), o país da América do Norte anunciou que passou a considerar legais os assentamentos israelenses na Cisjordânia, alterando uma posição histórica estadunidense.
A declaração do secretário de Estado Mike Pompeo contraria o posicionamento adotado pelo presidente Jimmy Carter, nos anos 1970, segundo o qual tais instalações em território ocupado seriam incompatíveis com o direito internacional. Os analistas avaliam que esta decisão norte-americana tem poder de minar um acordo de paz entre israelenses e palestinos.
O professor de Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e da Universidade Federal Fluminense (UFF) Williams Gonçalves apontou que o posicionamento dos Estados Unidos, além de representar o atendimento às demandas de seu aliado asiático, é uma tentativa do presidente em mudar o foco.
“Isso mostra o apoio do governo Trump à direita israelense. Essa posição não muda a situação local, mas muda sim a situação política de Trump dentro dos Estados Unidos. Trump está sendo acionado por um processo de impeachment, e com essa decisão a respeito da formação das colônias na Cisjordânia, ele procura reforçar seus vínculos com a comunidade judaica. Portanto, a intenção tem muito mais a ver com a política interna, com sua base de apoio, do que propriamente com a questão do estado de Israel com a Palestina”, disse.
O panorama político em Israel, aliás, também apresenta um impasse. O premiê Benjamin Netanyahu não conseguiu formar uma coalizão de governo após eleições conturbadas no país. O comando israelense segue com a situação indefinida.
“O apoio do Trump é naturalmente importante, vem reforçar a posição histórica da extrema-direita de Israel e, ao mesmo tempo, Trump procura reforçar sua base no momento em que tem sua situação erodida pela ação da oposição no Congresso. É uma atitude coerente com aquela ideia de transferir a Embaixada de Tel Aviv para Jerusalém”, declarou Williams.
Com a decisão histórica, o mandatário estadunidense cria mais uma zona de atrito com os países da Europa, na avaliação do professor da UFF e da UERJ, ainda que não haja inquietação do líder dos EUA com isso.
“Os europeus não acompanham os Estados Unidos nesse processo, eles têm a sua própria visão a respeito da questão e não vão atrás do Trump, mas a verdade é que Trump não está muito preocupado com os europeus. A política externa do Trump não é de formação de alianças de Estados, ele faz uma política como os norte-americanos chamam isolacionista, o que interessa é exclusivamente realizar os interesses dos Estados Unidos”, ressaltou.
Ouça a entrevista de Williams Gonçalves: