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Williams: “Há divórcio entre sistema partidário e situação da sociedade”

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As revoltas populares que acontecem atualmente no mundo, especialmente na América do Sul, motivadas pela busca por condições de vida dignas para os povos evidenciam não apenas o avanço da ideologia neoliberal, promovendo concentração de renda e levando milhões de pessoas à miséria em todo planeta.

 

Esses conflitos mostram também que as soluções impostas pelas representações políticas institucionalizadas não dão respostas eficazes para a solução dos dramas sociais, promovendo descrença daqueles que são mais afetados pela desigualdade.

 

A avaliação é do professor de Relações Internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Williams Gonçalves, ao citar um dos países que enfrenta convulsão social.

 

“O que podemos apontar como uma característica de todo esse processo, e não temos apenas na América do Sul, mas também em outras partes do mundo, é a questão da representação. É o divórcio, o abismo que se abriu entre o sistema partidário e a situação da sociedade. No Chile isso é muito evidente”, ressaltou.

 

O panorama estabelecido pelos chilenos é visto, com diferenças, na Bolívia. A oposição liberal promove manifestações nas ruas contestando a vitória nas urnas de Evo Morales e acusando o Tribunal Supremo Eleitoral de manipular o resultado que reelegeu o presidente em primeiro turno.

 

A ala liderada por Carlos Mesa, derrotado no pleito, exige a renúncia imediata de Evo. Os caminhoneiros já preparam para esta quinta-feira (07) o fechamento total das estradas que cruzam as fronteiras do país. O docente da UFF e da Uerj lembrou que há um componente distinto no caso boliviano

 

“Temos de levar em consideração que a Bolívia é um país dividido entre uma parte dos que são brancos, descendentes de europeus, inclusive da Europa Ocidental, e os indígenas. Os brancos estão concentrados em Santa Cruz de la Sierra, uma área pródiga em golpes de Estado e isso não é coincidência. Abriu-se a possibilidade desses setores bolivianos se insurgirem contra a perspectiva de mais um mandato de Evo Morales. Esse pessoal já havia se insurgido no primeiro mandato dele”, comentou.

 

O professor citou também um histórico de preconceito exacerbado contra os indígenas na sociedade local, que supera os episódios ocorridos em outras partes do mundo. O suporte internacional para uma tentativa de deposição do mandatário foi outro fator considerado por Williams.

 

“Há uma questão estrutural, é a dificuldade desses setores de Santa Cruz de la Sierra de conviverem com a democracia e aceitar a ideia de que a maioria da população da Bolívia é formada por índios e essas pessoas estão respondendo o seu presidente. Há uma grande dificuldade de entender, mas isso não se faz sem apoio externo”, encerrou.

 

Ouça a entrevista de Williams Gonçalves:

 

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