Dentre os muitos problemas que o Brasil enfrenta nesse cenário de profunda desigualdade social, talvez o que mais salta aos olhos das pessoas é aquele relacionado à segurança pública. Aqui no Rio de Janeiro, então, a situação se complica ainda mais, onde as organizações criminosas, representadas pelos grupos milicianos e pelo tráfico de drogas, dominam mais de 60% dos territórios, levando medo à população e desafiando o Estado. As milícias, aliás, vão além e articulam sua sobrevivência financeira explorando serviços básicos, como os de internet, distribuição de gás, transporte alternativo, entre outros, incluindo o ramo imobiliário.

Há regiões, inclusive, onde o tráfico e a milícia convivem no mesmo espaço de maneira harmoniosa, ou quase. O fato é que entra governo, sai governo, a situação só piora. Nos últimos dias, houve o episódio ousado de um grupo paramilitar na Zona Oeste da capital, ateando fogo em 35 ônibus e um trem, após a morte de um integrante da quadrilha em uma ação policial. Esse caso motivou uma iniciativa do Governo Federal para auxiliar o estado do Rio de Janeiro, que culminou, esta semana, com a assinatura de decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Mas será que isso é suficiente para solucionar o drama da violência no país?

Para responder a essa e outras perguntas, o Faixa Livre convidou o cientista político, professor na Faculdade de Direito da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), desembargador do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) e membro da Associação de Juízes para a Democracia João Batista Damasceno, o delegado aposentado de Polícia Civil, doutor em Ciência Política e coordenador do movimento Policiais Antifascismo Orlando Zaccone e o sociólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) José Cláudio de Souza Alves.

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