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Editorial – 21.07.2021

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Nós temos falado pouco aqui no programa a respeito de um tema de enorme importância. Além dessa Assembleia Constituinte que vai produzir uma nova Carta Magna no Chile, após enorme convulsão popular que houve por lá no ano passado, nós teremos eleições presidenciais no país no mês de novembro.

 

Para traçar um panorama de como andam as disputas políticas para o pleito no Chile, eu quero fazer a leitura de um artigo publicado pelo professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC Gilberto Maringoni, publicado em suas redes sociais, que tem o título “Prévias: reviravolta no quadro eleitoral chileno”

 

É preciso examinar com muita atenção o resultado das prévias para a escolha dos candidatos presidenciais para a disputa de novembro, no Chile. Tanto na Frente Ampla (esquerda), quanto na Chile Vamos (direita), venceram dois azarões, que mal figuravam nas pesquisas de intenção de voto.

 

FRENTE AMPLA – Segundo O Globo, “com 99,99% das urnas apuradas, o vencedor na chapa de esquerda Aprovo Dignidade foi Gabriel Boric, da Frente Ampla, com 60,4%, contra 39,6% de Daniel Jadue, 53, do Partido Comunista”. Jadue era o franco favorito para as eleições, tendo alcançado 14% das intenções de voto, nas sondagens, contra 13% de Joaquín Lavín, 67, ex-ministro de Sebastián Piñera e colaborador da ditadura de Augusto Pinochet.

 

Conversei com um amigo chileno, que participou do processo interno da Frente Ampla. Tudo indica que a direita fez uma manobra de extrema habilidade dos dois lados do alambrado.

 

As regras das prévias, segundo ele, estabelecem que têm direito a voto nas prévias os filiados dos partidos que compõem cada coalizão e cidadãos não filiados a nenhum partido. A Frente Ampla, é formada por Revolução Democrática, Movimento Autonomista, Partido Humanista, Nova Democracia, Esquerda Autónoma, Poder Cidadão, Esquerda Libertária, Convergência das Esquerdas, Partido Ecologista Verde, Partido Igualdade, Partido Liberal e Partido Pirata. O Partido Comunista se associa à Frente nesse processo.

 

Jadue, descendente de palestinos e prefeito de Recoleta (município que compõe a capital, Santiago), foi apontado pela direita e pela grande mídia como o inimigo a ser batido. As acusações contra ele vão de “antissemitismo” (pela defesa da causa palestina), partidário da “ditadura cubana” até a de se opor à iniciativa privada. Mesmo assim, seguiu como favorito.

 

CHILE VAMOS – Lavín, pela direita, concorria pela terceira vez à presidência. Apesar do favoritismo, meu interlocutor considera que o desgaste de Piñera e da direita tradicional o levariam a uma derrota inevitável. A coligação conservadora é composta pelos partidos União Democrática Independente, Renovação Nacional, Evolução Política, Partido Regionalista Independente, os movimentos Republicanos, Social-cristão, Evangélicos em Ação e o Constrói Sociedade. São todos minoritários na Constituinte.

 

Tanto Jadue quanto Lavín perderam as respectivas prévias, provocando uma reviravolta surpreendente no quadro eleitoral.

 

Jadue foi batido por Gabriel Boric, 35, da Convergência Social, deputado e ex-lider estudantil das mobilizações do início da década passada, que se pauta pela defesa dos direitos humanos, aí compreendidos os direitos da população LGBTQI+ e das mulheres) e por sua posição crítica à Cuba e à Venezuela. Em 2012 derrotou a chapa comunista nas eleições para a direção da Federação dos Estudantes do Chile. O candidato afirma que o programa de governo ainda será construído. É acusado de não lutar pelas mais de duas centenas de presos nas mobilizações dos últimos dois anos contra o governo Piñera.

 

O interlocutor chileno sublinha que os mapas eleitorais indicam forte votação dos bairros ricos do setor Oriente (Las Condes, Vitacura e outros) de Santiago nas prévias da Frente Ampla. Nessas regiões, a direita venceu a eleição Constituinte. E ali, em suas palavras, Boric venceu Jadue na proporção 80% a 10%.

 

Novamente, pelas páginas de O Globo, “Na coalizão de direita Chile Vamos, o vencedor foi o ex-diretor do Banco Estado Sebastián Sichel (independente), que obteve 49,1% dos votos, contra 31,3% do favorito Joaquín Lavín (União Democrata Independente). Os outros dois concorrentes, Ignacio Briones (Evópoli) e Mario Desbordes (Renovação Nacional), tiveram ambos 9,8% dos votos”.

 

Para o ativista que conversou comigo, a direita decidiu rifar seu candidato favorito e possivelmente embarcará numa postulação da Democracia Cristã, para tirar de cena o rótulo de pinochetista do qual Lavín é acusado. Isso o colocaria numa posição de fragilidade, numa conjuntura eleitoral, tendente para o apoio a forças progressistas, segundo ele.

Daniel Jadue ao final da prévia já garantiu que a unidade da esquerda está garantida e que não haverá dissensões na aliança.

 

A conferir nas próximas semanas e meses”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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