Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 24.05.2022

Compartilhe:
editorial_1170x530

Eu não vou dedicar meio segundo sequer para analisar essa desistência do João Doria da disputa pelo Palácio do Planalto, algo que já se desenhava há tempos pela pressão exercido pelo seu partido, o PSDB. Essa tal terceira via, alimentada pelos desejos da mídia corporativa, é uma verdadeira piada. Também não vou falar sobre a nova troca na Presidência da Petrobras, anunciada na noite de ontem (23). Nós trataremos desse tema daqui a pouco, na entrevista com o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP) Deyvid Bacelar. Eu prefiro dedicar esse meu editorial de hoje a uma importante análise publicada por um comentarista nosso aqui do Faixa Livre.

 

O professor da Universidade Federal do ABC Gilberto Maringoni destacou um erro cometido por aqueles que defendem a eleição do ex-presidente Lula como estratégia para derrotar Jair Bolsonaro, em um artigo divulgado em suas redes sociais que tem o título “É errado atacar quem vota Lula só no segundo turno”. Ele diz o seguinte:

 

A melhor solução para as eleições de outubro seria uma acachapante vitória de Lula já no primeiro turno. O entrelaçamento do voto presidencial com as escolhas do eleitorado nos estados para os outros cargos majoritários (governadores e senadores) e proporcionais (deputados federais e estaduais) pode criar uma teia de legitimidade inexpugnável ao golpismo.

 

Assim, Bolsonaro, a escumalha militar e miliciana e o empresariado chulé que o rodeia teriam menos condições de alegar qualquer tipo de fraude nas urnas.

 

A vitória de Lula está longe de ser favas contadas e a ansiedade de parcelas de seus apoiadores não pode atrapalhar o campo democrático. Há muita pedreira a se escalar até outubro.

 

Por isso, é totalmente inadequada e insensível a pregação para constranger quem anuncia apoio no segundo turno, mas quer outra candidatura em outubro. Já vi lulistas classificando tal escolha como indigna.

 

MENAS! Atacar quem decide por Lula mais adiante só afasta potenciais apoiadores do petista.

 

A maior parte desses eleitores tem argumentos muito plausíveis para optar por outra candidatura de esquerda logo de saída. Vamos combinar: os governos lulistas não foram a oitava maravilha do mundo, ao longo de 13 anos. O primeiro governo (2003-07) foi uma continuação medíocre das gestões FHC e o segundo governo Dilma foi desastroso. Nenhuma mudança estrutural na sociedade brasileira foi feita.

 

Lula realizou um “ensaio desenvolvimentista”, como fala André Singer, em seu segundo mandato. Houve melhoria real na vida das pessoas. Obviamente o conjunto das gestões do PT foi infinitamente melhor que a hecatombe bolsonarista, mas idealizar o passado não nos leva muito longe.

 

Lula é a única maneira do Brasil derrotar Bolsonaro. Todas as forças democráticas deveriam apoiá-lo desde já. Mas a realidade é complexa. Não adianta tentar ganhar voto no grito. Não funciona. É preciso respeitar os que engrossarão esse aluvião democrático na segunda etapa eleitoral.

 

Nada melhor que a vida política real para convencer as pessoas. O acirramento da conjuntura até setembro pode colocar na ordem do dia uma campanha pela decisão em primeiro turno. Xingamentos e ofensas servem apenas para afastar apoiadores de Ciro (PDT), Vera Lúcia (PSTU) e Sofia Manzano (PCB) e despolitizar o ambiente político.

 

Não esqueçamos do velho dístico leninista sobre a ação política como resultante da “análise concreta da situação concreta”. Mantenhamos a tensão para avançar e a cabeça fria para não nos perdermos pelo caminho”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores