Por conta da escassez do tempo para o nosso editorial de hoje, eu gostaria de fazer dois rápidos comentários. O primeiro a respeito de um tema aqui do Rio de Janeiro. O Tribunal Regional do Trabalho concedeu uma liminar impedindo o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos, a Cedae, que estava originalmente marcado para o próximo dia 30, atendendo a um pedido de sindicatos que representam os trabalhadores da empresa.

A decisão se baseia nos efeitos danosos da demissão de mais de quatro mil trabalhadores da Cedae anunciada pelo governo do estado, sem que houvesse um estudo circunstanciado dos efeitos sócio-econômicos desta medida no estado. É uma importante vitória das entidades que defendem o direito dos profissionais, o saneamento público sem a interferência e os interesses do capital hegemônico.

O outro assunto diz respeito a essa denúncia do site The Intercept Brasil de que milicianos ligados ao ex-policial do Bope Adriano da Nóbrega, que chefiava o Escritório do Crime aqui no Rio, um grupo de matadores de aluguel, teriam entrado em contato com o presidente Jair Bolsonaro logo após a morte do miliciano, em fevereiro do ano passado.

Escutas do Ministério Público do Rio mostram trechos de diálogos onde os investigados diziam ter entrado em contato com uma pessoa identificada como “Jair”, “cara da Casa de Vidro” e “HNI (PRESIDENTE)”. O nome “cara da casa de vidro” seria usado em uma suposta referência ao Palácio do Planalto. As escutas foram encerradas após essa eventual referência ao presidente da República, já que o MP não tem competência para investigar o chefe do Executivo.

As ligações da família Bolsonaro com as milícias no Rio de Janeiro se aprofundam. Se houver uma investigação profunda a respeito do tema, muita sujeira vai aparecer. Esperamos que as autoridades façam a sua parte para esclarecer essas ligações perigosas do presidente com milicianos para nos livrar desse pessoal que nunca poderia ter ocupado um posto de poder no nosso país.

Ouça o comentário de Anderson Gomes: