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O desmonte da principal empresa estatal brasileira, a Petrobras, se reflete em diversas faces. Uma delas é a insegurança quanto a um novo aumento dos derivados de petróleo provocado pela insegurança global quanto à possibilidade de uma guerra no Oriente Médio após o assassinato do líder iraniano Qasem Soleimani.
Apesar de ter alcançado a autossuficiência na produção de pretóleo bruto, o Brasil ainda depende da importação de derivados. Além disso, a política de preços adotada pela companhia nacional é vinculada aos valores praticados no mercado mundial.
Um dos maiores especialistas do setor petrolífero no país, o diretor da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) e conselheiro da Petros Fernando Siqueira citou as falhas cometidas pelo Governo Federal na gestão da estatal.
“É uma sucessão de erros. Estavam previstas duas refinarias importantes, do Comperj e a de Pernambuco (Abreu e Lima). A de Pernambuco foi feita a metade, um dos trens de refino, e a do Comperj foi totalmente desprezada. Hoje você tem uma capacidade de refino inferior à produção nacional, tem de se exportar petróleo e importar derivados, o que é um erro estratégico gravíssimo”, avaliou.
Declarações recentes de Roberto Castello Branco, mandatário da empresa, e da cúpula da administração federal indicam a necessidade de privatização das refinarias existentes no país, indo de encontro às práticas das nações que detém o monopólio do insumo.
“O presidente tem dito que quer que a Petrobras fique com apenas 50% do refino. O correto seria incentivar empresas privadas a construir refinarias e não vender a preço de banana as da Petrobras. Quando você vende metade das refinarias, não acrescenta nada na capacidade de refino”, ressaltou o dirigente.
Atualmente o Brasil produz cerca de 2 milhões e 800 mil barris de petróleo por dia. As projeções são de que, daqui cinco anos, esse número salte para 5 milhões e 200 mil barris. Fernando Siqueira levantou a necessidade de ampliação da indústria de óleo no país.
“A capacidade de refino de hoje até 2025 teria de ser dobrada e isso não está sendo levado em conta. Você tem um parque de refino hoje abaixo da capacidade de produção nacional, portanto gerando exportação do petróleo, e essa produção vai dobrar até 2025. Em uma administração estrategicamente correta teria de se procurar incentivar refinarias novas”, lamentou Siqueira.
“Era previsto, nos governos anteriores, se ter a RNEST, em Pernambuco, com uma capacidade de 300 mil barris, o Comperj e mais duas refinarias, no Maranhão e no Ceará, mas essas foram abandonadas depois que a Petrobras gastou milhões em projetos e compra de terrenos. Por uma questão política, foram totalmente abandonadas, houve uma sucessão de erros no projeto das refinarias”, concluiu.
Ouça a entrevista de Fernando Siqueira: